Foto: Vinicius Becker (Diário)
Um levantamento divulgado pelo site Poder 360 revela que as universidades federais do Brasil investem, em média, R$ 52 mil por ano para manter cada aluno. No ranking por universidades, com base em dados do Ministério da Educação de 2023, a campeã de gastos era a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com R$ 93.472 anuais por estudante. Em segundo lugar, aparece a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com R$ 80.338, seguida pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 3º, com média de R$ 77.133.
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Em quarto, aparece a Universidade Federal de Viçosa (UFV), com R$ 75,9 mil. Questionado sobre o ranking, o reitor da UFSM, Luciano Schuch, afirmou que é preciso levar em conta vários fatores. Um dos principais é que, ao contrário de faculdades particulares e outras empresas, no Orçamento das universidades federais também é contabilizado todo o gasto com aposentadorias e previdência.
– Por isso é que, em rankings como esse, as universidades mais antigas acabam figurando no topo do ranking, porque têm mais custos com previdência – diz o reitor.
No caso do Orçamento atual da UFSM, são R$ 1,66 bilhão previstos para 2025, sendo R$ 1,44 bilhão da folha de pagamento. Desse gasto com salários, 61,96% (R$ 892 milhões) são para os servidores e professores da ativa, e 38,04% (R$ 547 milhões) para os aposentados e pensionistas.
O reitor da UFSM ressalta que as universidades em todo o mundo têm um custo alto, mas principalmente porque não investem somente na graduação, para a formação de alunos, mas têm um investimento pesado em pesquisa e extensão, que geram também um retorno importante para a sociedade por meio de novas tecnologias e desenvolvimento econômico e social.
– Não existe universidade barata no Brasil, na Alemanha, nos EUA, na China ou qualquer lugar. Em todos os lugares, a universidade é cara porque faz ciência, faz pesquisa. Esse é o custo não por aluno, mas da ciência brasileira, pois 90% da pesquisa feita no Brasil é feita nas universidades. Por isso que tem esse custo. A USP é até mais cara do que as federais, porque é onde é feita a ciência, em uma das melhores universidades do mundo. Ou o país entende que tem de investir em universidade, ou vamos ser sempre uma colônia, tendo de comprar tecnologia, comprando defensivos e tudo dos outros. Se pegar apenas o custo e não avaliar o impacto das universidades, é uma comparação muito rasa. Se pegar tudo o que já foi desenvolvido nas universidades, muito do que a gente tem hoje de qualidade de vida da nossa população vem das universidades. Esse é um custo que não é só no Brasil, mas em qualquer lugar do mundo. O custo de não investir em universidade é muito maior – diz Schuch.
A reportagem do Poder 360 contabilizou que, nas 69 universidades citadas no levantamento, havia 1,1 milhão de estudantes matriculados e um custo orçamentário de R$ 75,9 bilhões. O texto destaca ainda outros fatores pesam nas diferenças de custos, pois quanto mais alunos em educação a distância, menor o custo por estudante. A matéria cita também os desafios das universidades, como tentar reduzir a desistência de alunos e também fazer com que se formem dentro do prazo ideal. A reportagem não cita, mas a UFSM também tem um custo, possivelmente, maior porque possui um dos maiores programas de assistência estudantil do Brasil, com a Casa de Estudante e o Restaurante Universitário.
O custo da dependência tecnológica é maior
Qualquer instituição pública deve e pode tentar ser mais eficiente, e não há problema em cobrar isso também das universidades, até porque há alguns cursos com grau elevado de desistência. E é preciso focar em pesquisas que deem maior retorno econômico e social até na busca de soluções para os problemas mais graves do país, pois, às vezes, há falta de foco. Porém, o que diz o reitor é verdade: o custo de não investir em universidades e pesquisas (e se manter na “ignorância e no atraso”) é muito maior do que investir.
Só para citar um exemplo: em 1970, o Brasil colhia em média 1.089 quilos (18 sacas) de soja por hectare. Graças a pesquisas de universidades, Embrapa e várias empresas privadas de pesquisa, em 2017, essa produtividade já havia triplicado, passando para 3.343 quilos (55 sacas) por hectare em média. É graças a isso e a pesquisa de melhoramentos de animais que temos carne de frango e porco mais baratas. Caso contrário, a produção seria muito menor, e os preços estariam o dobro ou o triplo ao consumidor. Sem esquecer os incontáveis avanços na saúde, tecnologia, engenharia, ciências sociais e todas as demais áreas.
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